quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Diário

Nosso segundo dia em La Paz reservava-nos muitas surpresas.

Com muitas expectativas, chegamos à capital da Bolívia na madrugada do dia 5 de agosto.

Logo na rodoviária, tivemos o primeiro contato com alguns outros amigos brasileiros e bolivianos, todos participantes do Colóquio Brabo 2010.

Dividimo-nos em grupos e nos dirigimos, de táxi, rumo às casas de nossos amigos bolivianos que, gentilmente, nos concederam hospedagem para a nossa estadia na Cidade da Paz.

Com muito frio e carregando um peso de matar, nós, um grupo de 10 estudantes, todos navegantes de primeira viagem do Brabo e da Bolívia, fomos abrigados na casa do Pholak, localizada na Calle Oscar Alfaro do bairro San Antonio Alto.

Rapidamente, Pholak ajeitou-nos com alguns colchões e cobertores para nos protegermos do frio. Dali para frente, aquela casa, cheia e em reforma, seria toda nossa. Ficaríamos sós, acompanhando uns aos outros.

De início, a idéia de ficarmos separados do restante do grupo, na casa de uma pessoa semi-conhecida, que nem sequer morava naqueles três pequenos cômodos, incomodava-nos bastante, confesso. Mas, com o tempo, a vivência mostrou-nos que não podíamos desfrutar de uma experiência melhor.

Com muito frio, dormimos e, bem cedo, acordamos para esperarmos o momento em que um dos “brabos” que melhor conhecia a cidade buscaría-nos para nos juntar ao restante do grupo. Tomamos um belo chá de cadeira e, com muita fome, resolvemos aventurar-nos pelas ruas de La Paz em busca da boa e velha comida boliviana.

Chegamos à igreja de San Francisco e, próximo de lá, conseguimos entrar em contato com todo o grupo, via internet, ao som do nostálgico grupo Backstreet Boys, que exibia sua performance em um videoclipe que passava em uma barraquinha de venda de multimídias.

Bendita tecnologia! Marcamos um novo encontro com o grupo nas redondezas de San Francisco. Mas antes, nada mais sensato que uma pausinha para o matarmos a nossa fome. Novamente, dividimo-nos em dois grupos: um grupo para um lanche e outro para a grande refeição do meio-dia.

Após desfrutarmos das delícias da culinária boliviana, ocasionalmente, encontramo-nos com alguns companheiros de viagem e com nossa chave-mestra Nilton Rocha em um café, nos arredores de San Franciso. Impacientes, resolvemos esperar o término do letárgico lanche de nossos amigos, conhecendo as pessoas e o comércio da região.

Confusão! Os labirintos repletos de ladeiras das ruas de La Paz, além de nos deixar cansados e sem ar, também nos deixou deslumbrados e perdidos. Quando percebido o incidente, perdemo-nos, mais ainda, ao desbravar a língua castelhana na linguagem das compras.

Aos poucos, a coragem de encarar o portunhol foi-nos dada por um pontapé inicial, embora clichê: a expressão “Cuánto es, señora?”, tão usada por todas as espécies de viajantes e turistas.

Admito o tom fútil e, talvez, até desnecessário da expressão para uma viagem acadêmica. Mas o que muitos não imaginam é que foi justamente esta expressão que nos possibilitou novas formas práticas de comunicação. Utilizamos de gestos, de expressões, de interjeições e, por fim, do portunhol para nos comunicar. Estávamos, naquele momento, em contado com uma pequena porção da tradição cultural da Bolívia. E a melhor parte da história: mantivemos essa interação utilizando apenas meio artesanais e comerciais.

Aos poucos, já nos sentíamos em casa. Do tímido “Cuánto cuesta?” já tínhamos transgredido de descontos a descuentos; já havíamos aprendido diversas histórias daquele povo e já tínhamos arriscado piadinhas, arrancando até o riso tímido de algumas cholitas.

No fim da tarde, depois de muito perambularmos pelas ruas de La Paz, Felipe, Kamylla e eu decidimos procurar os rumos de volta à casa onde estávamos hospedados. Durante cerca de uma hora, pedimos informações a vários taxistas e transeuntes da região. Saber a rota que os ônibus 465 faziam não era uma tarefa muito fácil.

Finalmente, uma atenciosa senhora boliviana passou-nos a informação de onde pegarmos um táxi que poderia levar-nos a San Antonio Alto. Só nos bastava desembolsar 12 bolivianos e tudo estaria resolvido.

Por Ana Clara

Nenhum comentário:

Postar um comentário