quinta-feira, 4 de novembro de 2010

04

Tive sorte, escolhi o dia certo para fazer o diário. Em Goiânia o Niltin me perguntou: Mariana porque esse dia? E eu respondi não sei, mas tenho certeza que vai ser um dia muito bom! E deu certo sim, foi um ótimo dia.

Estávamos em Cochabamba e a alegria transparecia no grupo, cidade agradável, hotel agradável, os olhos brilhavam com tudo e a necessidade de sair para explorar estava latente em cada um de nós. Todo cheio de alegria as atividades daquele dia começaram. O Niltin tinha marcado um encontro na Agruco, a faculdade de agronomia de Cochabamba, me perguntava no caminho o que tinha haver agronomia, comunicação, publicidade, jornalismo, Bolívia, Brasil.... ufa, tanta coisa que na minha cabeça aparentemente não dialogava, mas me enganei, acertei no dia mas errei em um monte de outras coisas! Lá aprendi muito, coisas como: o povo com suas tradições têm muito a ensinar; que os saberes populares podem e devem ser incluídos na academia; que um campesino pode ensinar tanto quanto um doutor, quem sabe até mais; descobri que folha de coca não é droga; que a comunicação pode servir como instrumento na educação; ixi foram tantas coisas que nem tem como citar tudo aqui. Mas como nem tudo na vida é alegria, esqueceram de me falar, que folha de coca é pra mascar, sugar o sumo, e não para engolir, ingênua engoli quilos e quilos de folha de coca (exagero, né!) e eu até esperei pra ver se dava algum barato ou coisa do tipo (brincadeirinha) mas não, funcionou melhor que activia, fica a dica pra quem visitar a Bolívia.

Até então o dia tinha sido ótimo quando veio a grande notícia: conseguimos uma entrevista com a Domitila, apesar dos problemas de saúde ela nos atenderá! A ansiedade perpassava cada rosto, alguns brincando, outros sérios, mas tenho certeza que aquele encontro se tornaria um dos pontos altos da viagem. Estudamos suas histórias de luta e aprendemos a admirar a força daquela mulher, o livro Se me deixam falar, foi o nosso primeiro contato efetivo com a Bolívia e cada palavra dita serviu para reafirmar nos nossos corações a admiração que sentimos. Mesmo com todas as dificuldades ela permaneceu ali confiante, lutando para transformação do seu país, por melhores condições de vida, deixando de lado interesses pessoais para conquistar direitos coletivos, um exemplo para todos. Sua expressão mostrava uma mulher cansada, mas ao mesmo tempo cheia de esperança. Domitila foi uma grande fonte de inspiração na viagem, e vai continuar sendo na vida.

Foi um dia cheio, varias experiências se complementando. De um lado a racionalidade envolvida na Agruco do outro o coração aberto para Domitila. Eu disse que tinha sido sortuda na escolha do dia, muita coisa aconteceu, muita coisa mudou, muita coisa ficou. Incrível.

Mariana =D

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