sexta-feira, 30 de julho de 2010

Diário de Bordo: Primeiro Ato

Enquanto este velho trem atravessa o pantanal só o meu coração está batendo desigual. Impressionados, quem sabe com a magia de conhecer o outro, ou com a expectativa ante ao desconhecido (provavelmente ambas), seguimos com os olhos curiosos de viajante.

Nossa jornada começou muito antes de entrarmos no ônibus dia 30 de agosto. Com leituras, discussões e as preciosas dicas de nossa amiga Lorena, que ao lado de muitos outros se empenharam para que essa viagem fosse possível, tivemos algumas noções do que seria a Bolívia. Um país tão perto e tão longe.

Às seis horas da manhã de sexta feira nos reunimos todos na porta do Museu Antropológico da UFG, no Setor Universitário. Esperamos o transporte até as sete horas. Tudo parecia bem tranquilo. Paramos poucas vezes, apenas para usar o banheiro e almoçar. Isso foi possível graças aos lanches que levamos de casa e generosamente dividimos entre nós. Pães de queijo, rosquinhas, amendoim... Nos empanturramos de tudo o que era possível.

Aos poucos as plantações de cana e de soja iam dando lugar às pastagens e gados. A tarde chegou, e com ela um calor inclemente. Após sair de Goiás, Mato Grosso do Sul nos recepcionou com sol mais forte que poderia oferecer. Numa das paradas, no Chapadão do Sul, nem a água que joguei sobre mim duas vezes amenizou o calor. Era jogar e evaporar.

Embalados por deliciosas conversas, mais lanches, brincadeiras e músicas, a natureza nos presenteou com um belíssimo por do sol de tons alaranjados. À noite paramos para jantar. Comida relativamente barata, assim como no almoço (cerca de dez reais por pessoa). Satisfeitos, seguimos viagem esperando chegar em Corumbá até as duas horas da madrugada. Mas no meio do trajeto, uma viatura policial nos parou. Ficamos um pouco apreensivos, pois era uma estrada deserta, mas os policias apenas alertaram para um problema: os faroletes estavam estragados.

Precisamos voltar um pouco e consertar o defeito do ônibus, o que nos atrasou bastante. Com tudo isso, só chegamos em Corumbá às quatro horas no horário de lá, que tem uma hora a menos de fuso em relação à Goiânia. Fomos para o Campus Pantanal da UFMS e nos abrigamos em duas salas de aula, sobre colchonetes e sacos de dormir. Alguns se dividiram entre os dois banheiros que haviam disponíveis com chuveiro de água fria. Eu, particulamente, preferi ir direto para o colchonete.

Logo pela manha (oito horas), Bruno nos acordou pedindo nossas identidades para comprar as passagens. Ao regressar trouxe a notícia que sairíamos no trem de 12h45, e não mais no das 16h. Nos arrumamos às pressas, pegamos táxis e fomos para Puerto Quijarro, cidade que faz fronteira com Corumbá, onde pegamos o trem.

Antes de embarcar andamos um pouco nas redondezas da ferroviária, tendo nosso primeiro contato com a Bolívia, arriscando o "portunhol" , pechinchando preços e conhecendo as comidas. Não tivemos muito tempo, pois logo o trem sairia, mas a impressão que tive sobre as pessoas foi muito positiva. Simpáticos e sorridentes, nos deixaram bem à vontade. Mas o coração continua batendo desigual rumo à Santa Cruz de la Sierra. Rumo à eterna viagem do conhecimento.


Kamylla Katy

6 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Uma experiência única para todos e uma aventura maravilhosa mesmo com todas as dificuldades , o conhecimento adquirido é isso que vale.


    Ângela Motta
    Mãe da Hannah

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  3. =) Realmente, o conhecimento é o que vale. Aproveitem bastante e tragam muitas recordações!

    Jéssika Machado
    Brother da Ana Clara

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  4. Bela sua percepção da viagem rumo ao outro que é ao mesmo tempo tão próximo, amiga! Muito legal a riqueza de detalhes do seu relato.

    Por mais que eu utilize da intuição, só o seu coração pode sentir o que é este pulsar que vai além de qualquer explicação.

    Aprecie e vivencie cada novo mundo que surgir aos seus sentidos. Dê o seu melhor! O saber ultrapassa as fronteiras do conhecimento, né?

    Abração,
    Mari.

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  5. Fico muito feliz em ler o relato, principalmente por ver meu nome lá...kkkk
    Espero que aproveitem muito o que vão viver nesse país lindo que é a Bolívia e continuem produzindo os textos pra que nós daqui também estejamos ai com vcs!

    beijo,
    Lorena

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  6. ...primeiramente ja vou falar que to com inveja, pois na minha epoca de ufg nao tive a oprtunidade de poder fazer uma viagem/materia tao louca e tao longe, jornalismo sem fronteiras!!!
    ...no mais aqui tambem ta muito quente, mas pelo menos nao e tao alto!! antes que me esqueça ja estao passando mal com a altura??kkkk
    ...ja estao escutando a musica dos andes??kkk
    ...bjao Kamylla e ja to esperando o novo diario de bordo!!!

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